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O que é Depressão e Como Buscar Ajuda e Tratamento para Você ou Outras Pessoas


Os obstáculos para diagnosticar e tratar a depressão são enormes, mesmo que essa condição médica seja comum, recorrente e crescente em seus mais diversos sintomas e impactos. Estima-se que até 2030 ela deva afetar mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde no mundo.

Em linhas gerais, a depressão é descrita por especialistas como um transtorno biológico no qual a pessoa se sente deprimida ou perde o interesse ou prazer em relação a algo que tinha antes, afetando diversas áreas de sua vida (profissional, pessoal, familiar, social etc.). Mas o diagnóstico é complexo: não passa por exames, mas pela análise clínica de profissionais de saúde especializados com base em sintomas, critérios diagnósticos (há quanto tempo persistem os sintomas, por exemplo), histórico familiar, gatilhos, comorbidades, entre outros pontos.

E por que é tão difícil identificar e entender os sintomas e as causas do chamado "mal do século 21"? Quais profissionais fazem esse diagnóstico? O que especialistas recomendam para quem busca ajuda e tratamento para si mesmo ou para outras pessoas? E quem não tem condições financeiras de pagar atendimento particular ou plano de saúde? Luto pode desencadear depressão? Por que os pacientes são estigmatizados como fracos ou sem força de vontade, por exemplo? Todos precisam tomar remédio? Fazer terapia basta para os casos mais leves? Leia mais a seguir, onde tentaremos responder algumas destas perguntas.


O protocolo na Inglaterra


Para responder brevemente às duas últimas perguntas, a Inglaterra decidiu mudar as diretrizes do sistema público de saúde nacional (uma espécie de SUS) para pessoas diagnosticadas com depressão leve. Antes de iniciarem tratamento com antidepressivos, esses pacientes devem primeiro ter acesso à terapia e a exercícios físicos em grupo, por exemplo.

O novo protocolo surge em meio ao aumento das prescrições de antidepressivos no país no fim de 2020 (alta de 6% em relação ao ano anterior), mas isso não significa, obviamente, que o tratamento com remédios como um todo esteja sendo questionado.

Um estudo publicado no fim de setembro, no periódico científico The New England Journal of Medicine, apontou que pessoas que permanecem usando medicamentos antidepressivos a longo prazo têm menos chance de sofrer recaída do que aquelas que decidem parar de tomá-los!


Definição de Depressão


Uma das formas mais comuns de problemas de saúde mental, a depressão, é descrita como transtorno, doença, síndrome, sentimento ou melancolia (antigo nome que se dava a ela).

"A depressão se caracteriza por uma tristeza profunda e prolongada, que faz o indivíduo perder o interesse por coisas que anteriormente eram prazerosas. Além da tristeza, que é o sintoma mais conhecido e falado, o padecente pode sofrer com alterações no sono, podendo dormir demais ou ter insônia, distúrbios alimentares, irritabilidade, fadiga, pensamentos de suicídio. Cabe ressaltar que os sintomas variam de pessoa para pessoa", explica Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.

A necessidade de encontrar uma definição para uma condição tão complexa quanto a depressão é fundamental quando se deseja instituir um diagnóstico, pois só então é possível traçar um tratamento adequado, seja com remédios, terapia ou ambos, por exemplo.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria, traz uma série de "pré-requisitos" para caracterizar o diagnóstico formal de depressão, como a presença de cinco ou mais sintomas da lista abaixo ao mesmo tempo durante pelo menos duas semanas. São eles, de forma simplificada:

  • Sentir-se triste ou deprimido;

  • Ausência de interesse e prazer em atividades que antes eram prazerosas;

  • Fadiga e perda de energia;

  • Alterações no apetite e no peso (ganho ou perda sem relação com dieta);

  • Dificuldade para dormir ou o oposto, dormir muito;

  • Sentimentos de inutilidade e culpa;

  • Problemas para pensar, se concentrar ou tomar decisões;

  • Aumento da atividade física sem propósito, como ficar balançando as mãos ou os pés, andar de um lado para outro, não conseguir ficar parado em pé ou sentado;

  • Pensamentos suicidas.

Ajuda e tratamento


Familiares e amigos são fundamentais na busca por ajuda, tratamento e no apoio ao paciente. Muitas vezes, são os primeiros a perceber que há algo de diferente e apontar a necessidade de buscar auxílio psiquiátrico ou psicológico.

Além dos sintomas listados acima, há outros sinais de mudança em pessoas que podem precisar de ajuda psiquiátrica e/ou psicológica. Como evitar contato com familiares e amigos, se auto-machucar, apresentar autoestima mais baixa, uso de substâncias ilícitas, desenvolver dores físicas sem causa aparente ou sentimentos persistentes de irritação, preocupação, melancolia, vazio ou anedonia, uma espécie de perda do prazer que se sentia em atividades ou eventos antes prazerosos.

Segundo especialistas, se você acha que alguém que você conhece tem depressão, a coisa mais importante a fazer é ouvir. Muitas vezes, apenas falar e compartilhar seus sentimentos pode ser uma grande ajuda para alguém com depressão. Tente ouvir sem julgamento.

Além disso, há diversos obstáculos sociais e psicológicos antes de se chegar ao diagnóstico e tratamento especializado, como a falta de recursos e o estigma em torno da depressão.

O sistema de saúde pública do Reino Unido recomenda que todas as pessoas que apresentam os sinais listados neste texto por mais de duas semanas deveriam buscar atendimento médico.


FONTE: BBC News Brasil

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