Depressão Pós Parto
Depressão pós parto é um assunto importantíssimo, é muitas vezes acaba sendo escondido e negligenciado pela sociedade. A organização mundial da saúde (OMS) estima que em todo mundo até 1 em cada 5 mulheres experimenta algum tipo de transtorno de humor e ansiedade perinatal (PMAD). As estatísticas variam de país para país, mas essa é uma preocupação mundial. Os PMADs incluem depressão pós-parto, ansiedade pós-parto, transtorno obsessivo-compulsivo pós-parto, bipolar pós-parto e psicose pós-parto. Entre as mulheres com problemas de saúde mental perinatal, 20% terão pensamentos suicidas ou cometerão atos de automutilação.
Ignorar a saúde mental não apenas coloca em risco a saúde geral e o bem-estar das mulheres, mas também afeta o desenvolvimento físico e emocional dos bebês.
Infelizmente, esse ainda é um assunto repleto de estigmas e desinformação, por conta disso muitas mulheres ainda escondem seus sintomas. As estimativas são de que 7 em cada 10 mulheres escondem ou minimizam seus sintomas. Sem compreensão, apoio e tratamento, essas doenças mentais têm um impacto devastador nas mulheres afetadas e em seus parceiros e famílias.
Qualquer mulher pode desenvolver problemas de saúde mental durante a gravidez e no primeiro ano após o parto. As mulheres imigrantes tem alguns fatores de risco a mais para desenvolverem depressão pós parto, pois muitas vezes não contam com rede de apoio, não estão familiarizadas com a cultura do novo país, e a língua, o que leva a uma sensação de solidão em um momento tão delicado da vida.
E quais são os outros fatores de risco para os problemas de saúde mental maternas?
histórico de problemas de saúde mental (um histórico familiar ou pessoal de transtorno bipolar aumenta significativamente o risco de desenvolver psicose pós-parto);
abuso e negligência na infância;
violência doméstica;
conflito interpessoal;
apoio social inadequado;
abuso de álcool ou drogas;
gravidez não planejada ou indesejada;
desfechos obstétricos anteriores ou atuais ruins (ex., aborto espontâneo prévio, parto prematuro, neonato internado em unidade de terapia intensiva, lactente com malformação congênita);
Problemas com o aleitamento materno;
o luto por aborto espontâneo, natimorto ou morte neonatal também têm maior probabilidade de levar a problemas de saúde mental em ambos os pais.
Quais são as causas dos problemas de saúde mental maternas?
A causa exata da depressão pós-parto é desconhecida; contudo, depressão prévia é o maior risco, e mudanças hormonais durante o puerpério, privação do sono e suscetibilidade genética podem contribuir. É importante esclarecer que a depressão transitória (melancolia pós-parto ou baby blues) é comum durante a primeira semana após o parto. Melancolia pós-parto é diferente da depressão pós-parto porque a melancolia tipicamente dura 2 a 3 dias (até 2 semanas) e é relativamente leve; em comparação, a depressão pós-parto dura mais de 2 semanas e é incapacitante, interferindo nas atividades da vida diária.
Quais são os sintomas que podem nos acender o alerta sobre algum distúrbio mental materno?
Tristeza extrema;
Oscilações de humor;
Choro incontrolável;
Insônia ou aumento do sono;
Perda de apetite ou comer em excesso;
Irritabilidade e raiva;
Cefaleia e dores no corpo;
Fadiga extrema;
Preocupações irrealistas sobre o lactente ou desinteresse;
A sensação de ser incapaz de cuidar do lactente ou de não ser adequada no papel de mãe;
Medo de machucar o bebê;
Culpa em relação aos sentimentos dela;
Ideação suicida;
Ansiedade ou ataques de pânico.
Tipicamente, os sintomas se desenvolvem insidiosamente ao longo de 3 meses, mas o início pode ser mais súbito. A depressão pós-parto interfere na capacidade materna de cuidar de si mesma e do lactente. As mulheres podem não criar laços afetivos com o lactente, resultando em problemas emocionais, sociais e cognitivos na criança mais tarde.
Parceiros também podem ter maior risco de depressão, e a depressão em qualquer um dos pais pode resultar em estresse no relacionamento. Sem tratamento, a depressão pós-parto pode se resolver espontaneamente ou tornar-se crônica. Os riscos de recorrência são de cerca de 1 em cada 3 a 4.
Em casos raros, desenvolve-se psicose pós-parto; a depressão e psicose pós-parto não tratadas aumentam o risco de suicídio e infanticídio, que são as complicações mais graves.
E como é o tratamento?
O tratamento depende da gravidade do caso. Um médico sempre deve estar acompanhando de perto essa mulher. Psicoterapia é necessária e, muitas vezes, o tratamento medicamentoso também deve ser instituído. Em casos mais graves, a internação pode ser necessária.
Meu recado final é para que estejamos atentos à essas mulheres que estão passando pela gravidez ou que acabaram de ter seus bebês. Se tornar mãe não é tarefa fácil e o apoio à essas mulheres é dever de toda sociedade. Se houver alguma desconfiança de quaisquer transtornos mentais maternos, um médico deve ser consultado. O tratamento precoce é muito importante, ele pode salvar vidas!
Bibliografia
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