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Foto del escritorDra. Priscilla Sodré

O que é Endometriose? Saiba Tudo Sobre Esta Doença que Acomete 45% das Mulheres no Mundo

Esse mês irei abordar um assunto que é considerado um problema de saúde pública, a Endometriose.



Você sabe o que é endometriose?


Essa é uma doença que acontece quando o tecido endometrial - aquele que recobre a parte interna do útero - é encontrado fora da cavidade uterina. Em casos de endometriose, este tecido pode ser encontrado em vários lugares do organismo, como por exemplo: na cavidade abdominal, ovários, bexiga, intestino, e potencialmente em qualquer área do corpo.

O endométrio recobre a parte interna do útero e se modifica e cresce durante o ciclo menstrual, quando não há gravidez, ele descama na forma de menstruação. Quando esse tecido se encontra fora do útero, ele também responde da mesma forma às modificações hormonais do ciclo menstrual e durante a menstruação também descama e sangra. Contudo, esse sangramento ocorre dentro da cavidade abdominal e não sai pela vagina, pois a maioria dos focos de endometriose são na cavidade abdominal. Por isso o sintoma mais frequente da mulher com endometriose são as cólicas menstruais e dores abdominais intensas e que ficam piores com o passar dos anos conforme a doença progride.

A prevalência da endometriose na população feminina, em geral, é de cerca de 45%, isto é, quase a metade de todas as mulheres apresenta algum grau de endometriose. Quando a paciente apresenta infertilidade ou dor pélvica, a prevalência chega a 50-60%, alto não é? Por isso é que a endometriose é considerada um problema de saúde pública.


Quais são os fatores de risco?


Essa é uma doença mais comum entre mulheres de 20 até 40 anos que apresentem algumas das seguintes características: ciclos menstruais alterados, mal formações uterinas, primeira menstruação anterior a 11 anos, e nuliparidade, isto é, mulheres que nunca tiveram filhos.


Quais são os sintomas de endometriose?


Cólicas menstruais progressivas, que pioram com o passar dos anos, e infertilidade sem causa aparente. Com o passar do tempo e a evolução da doença, a mulher pode começar a apresentar sintomas de endometriose mais avançada como a dor pélvica contínua, e dor durante a relação sexual. Dependendo de onde se encontram os focos de endometriose ela pode apresentar dor quando vai urinar - em caso de endometriose de bexiga, dor durante a evacuação - em caso de endometriose na região do reto, dentre outros.


Como o diagnóstico é feito?


Chegar a um diagnóstico preciso de endometriose pode ser desafiador e exaustivo, uma vez que muitas vezes os exames se apresentam dentro da normalidade.

A história clínica é a nossa primeira pista, porém os sintomas também podem ser comuns à outras doenças o que muitas vezes dificulta e atrasa o diagnóstico. O exame clínico, na doença inicial, pode ser normal. Apenas 45% dos casos de endometriose apresentará alterações ao exame físico.

Não existe exame de sangue que diagnostique a doença. O exame de ultrassonografia pélvica é o exame de eleição para o diagnóstico de endometriose. Ele deve ser realizado por profissional com experiência no assunto pois muitas vezes os achados são sutis. A ressonância também pode ser realizada em casos selecionados.

Quando os exames são todos normais e a paciente apresenta sintomas, podemos ainda realizar o teste terapêutico que é com o uso de medicações como por exemplo, os anticoncepcionais orais ou o DIU de levonorgestrel. Caso a paciente melhore, nós podemos acreditar que ela apresente algum grau de endometriose.

Muitas pesquisas estão sendo realizadas para que o diagnóstico de endometriose seja feito precocemente. Um estudo francês, recém publicado, mostra resultados promissores em um exame feito na saliva. O diagnóstico pode ser feito em 76,5% das pacientes que apresentavam endometriose. Muito ainda deve ser pesquisado antes que este tipo de teste se torne disponível para a população em geral, mas isso mostra que estamos caminhando na direção certa.


Como tratar?


O tratamento da endometriose visa o controle dos sintomas e evita que a doença progrida e provoque alteração na função dos órgãos acometidos, como por exemplo em casos mais raros, e muito avançados, pode ocorrer alteração renal por obstrução do ureter, obstrução intestinal, etc.

O tratamento inicial, normalmente é medicamentoso, com o uso de anticoncepcionais orais, progestagênios e o uso do DIU medicado (levonorgestrel).

A cirurgia é reservada para casos que não respondem ao tratamento clínico, quando há possibilidade de perda da função de algum órgão ou quando a qualidade de vida está prejudicada.

É muito importante que tanto os médicos quanto as pacientes estejam atentos à essa doença tão prevalente na população feminina. O diagnóstico e tratamento precoce são muito importantes para evitar que a doença progrida e afete a qualidade de vida.


Se você ou alguém que você conhece está apresentando algum sintoma que possa ser compatível com endometriose, procure auxílio médico para que o diagnóstico e tratamento sejam feitos o quanto antes evitando, assim, problemas maiores no futuro.


Se cuidem!!


 

Bibliografia




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